Quem nunca passou por essa situação? Entra no Google, começa a digitar aquilo que quer pesquisa e, depois de algumas letras, clica na sugestão de busca que é exatamente aquilo que você procura. Não sei qual é a taxa de uso do recurso, mas imagino que seja alta. E aí vem a dúvida: se o Google é legalmente responsável pelos termos que aparecem nas sugestões.
O autocompletar virou motivo de disputa judicial na Itália. Na corte de Milão, a segunda cidade mais importante da península, um advogado reclama que seu cliente — uma pessoa pública — foi prejudicado a partir do momento que, ao digitar nome e sobrenome desse sujeito, o Google automaticamente completava com “fraude” (ou truffa, no termo em italiano).
Os reclamantes alegam que o Google deve ser responsabilizado por essas imputações que denigrem a honra do sujeito. Embora o Google não gere seus termos sugeridos manualmente, o algoritmo que faz isso é controlado pela empresa e pode sofrer modificações para evitar tais situações.
Por sua vez, o Google se defendeu dizendo que não pode ser responsabilizado por isso. Também disse que o recurso de autocompletar das buscas é baseado em buscas anteriores, eu são registradas. Com o tempo, o algoritmo fica mais inteligente e começa a sugerir aquilo que já é buscado em grande quantidade por outros usuários.
Na semana passada saiu o resultado da disputa, que só foi conhecido hoje. O Google perdeu o processo, sendo, portanto, considerado o responsável legal pelos termos sugeridos automaticamente. A empresa se disse “desapontada” pelo resultado, enquanto os reclamantes fizeram questão de dizer que não apoiam a censura.
Esse caso é interessante porque fica difícil de dizer até que ponto a opinião pública detém a verdade, e também até que ponto os algoritmos do Google devem refletir isso. Não é porque todo mundo associa determinado nome a um crime que a pessoa é verdadeiramente culpada. Pelo menos não até que a justiça diga que é.

Pirataria? (imagem: reprodução)
No ano passado, o Google anunciou que não iria mais exibir sugestões de busca quando o termo procurado fosse “torrent”. Dessa forma, a empresa evita problemas com as associações de cinema, de música etc. Será que chegou o momento de parar de associar nomes a crimes, por meio de filtros previamente determinados que cumpra essa tarefa?
Com informações: ZDnet.